diumenge, de març 11, 2012

[ gz ] Carta aberta às gentes da Esmorga

Bemqueridxs companheirxs,

Conheço o vosso fenomenal projecto, desde os inícios da vossa intensa actividade, uns anos há. Nom cabe dúvida que neste tempo, desde A Esmorga contribuichedes a dar um grande pulo à umha sociedade galega tam necessitada de espaços autónomos, independentes dos poderes estatais e privados que levam décadas afogando o país. Sem projectos como o vosso, alguns de nós, forçados a migrar como tantxs outrxs antes de nós, rematariamos perdendo todo vencelho coa Terra. 

Seguramente, por sermos umha ausência (embora presente como tal) nas vossas vidas nom sejades conscientes da importáncia e do valor que tem o vosso trabalho para quem vivimos tam longe. É por isso mesmo que agora, após ter falado coas amizades que me tenhem ao tanto do que se passa por ai, escrevo estas linhas que gostaria de fazer públicas no maior dos respectos e agarimo.

O motivo de estas linhas nom é outro que o de manifestar-vos a minha fonda decepçom ao saber, tam só uns dias , que contades com invitar ao vosso centro a um pessoeiro como Carod-Rovira. A verdade é que ainda agora estou intentando acreditar no que leo: tam longe estamos? tam grande é a distáncia entre Galiza e Catalunya? Como pode ser possível que a estas alturas um centro social galego abra as portas a um defensor das piores atrocidades que se podem ter concebido contra o Género Humano? É que nom sabedes quales tenhem sido os posicionamentos públicos de esta pessoage contra Palestina? É que desconhecedes como tem favorecido o medre do sionismo dentro do catalanismo? 

Sei, pola recolhida de sinaturas que se tem organizado, que estades ao tanto do tema, polo que nom abondarei no que imagino está a ser um debate intenso e conflitivo. Gostaria de falar-vos embora desde a vossa própria naçom no exterior; como irmao que vive em Catalunya e que se sinte na obriga da solidariedade internacional com Palestina e todas as naçons oprimidas do mundo. E gostaria de faze-lo começando pola minha própria experiência pessoal, já que quando de este apologeta da violência de Estado (israeli) se tratar, resulta que me atopo de cheo num conflito que aliás de político é já direitamente pessoal. Ao cabo, mesmo se nom estades ao tanto, Carod-Rovira está a ser desde fai um tempo objecto da polémica no meu centro de trabalho.


Há uns meses, este político optou por convertir-se num exemplo do que se conhece como portas giratórias, isto é, políticos que no exercício do poder, aproveitam o seu status para resolver as suas carreiras pessoais com independência de todo respecto pola actividade civil que supom o exercício de um cargo público. Foi assi que, sem a menor das vergonhas, deu-nos um bon día a notícia de que se vinha para a nossa universidade numhas condiçons creadas ad hoc para ele mesminho. Suponho que umha cousa assi provoca-vos o mesmo rejeitamento que a qualesquer pessoa mínimanente demócrata e progressista (que tampouco se tem que ir para moito mais aló).

Mas puidera ser que o mesmo deconhecedes (os meios nom prestam tanta atençom à destruçom da universidade pública que à carreira de certos pessoeiros), que a universidade catalana em geral, e a UPF em particular, estam a ser objecto dos piores ataques conhecidos desde hai anos polos poderes privados. A resultas de estes ataques, 266 professores associados (entre os que me contarei) seram despedidos este ano sem maior gesto de atençom polo seu devir que umha missérrima message de correo-e de umhas poucas linhas. 

Isto nom é, porém, responsabilidade exclussiva do governo direitista que mora actualmente na Generalitat. Estes ataques, de feito, começarom já com um tripartito que permitiu, por exemplo, que as contractaçons ilegais medraram na UPF (e no resto de universidades catalanas) até porcentages espectaculares na mais absoluta das impunidades (e absolutamente ilegais de acordo com umha legilslaçom de seu direitista como é a LOU). 

Nom é difícil de comprender esta toleráncia da conselheria responsável (nas maos de Esquerra) para cos abusos ilegais da reitoria encabezada por Moreso (por demais responsável de umha gestom fortemente criticada estes dias nos meios). Vai de seu que o retiro de Carod-Rovira, tam generosamente financiado pola Caixa, apontam práticas que mesmo se nom se podem condear legalmente, deixam moito que desejar no terreo da ética mais elemental.

Com todo, o que realmente é mais difícil de comprender é que agora espaços como o vosso, que com tanto esforço forom construidos na perspectiva de fornecer à sociedade de um projecto emancipatório, regerador e democrático, poidam actuar de jeito tam ingenuo perante quem procura, co seu actuar, voltar a ganhar a confiança perdida (por certo, de jeito tam estrepitoso e rotundo como Esquerra baixo o mandato do vosso convidado). É possível que abonde um ano para esquecer o mal causado pola irresponsabilidade o vosso convidado?

Suponho que nom é precisso que vos explique a fonda decepçom que sinto nestes momentos e que estou a compartilhar nas redes sociais com tantas amizades que moramos na Galiza virtual. Desconheço que ganhades com umha actividade assi (mesmo se podo imaginar que certa sona nos meios da direita por mor da popularidade do pessoeiro como ogro fantasmagórico dos pesadelos neocons). Mas estou certo do moito que estades a perder. E nom acho que esté a falar, à vista do que se move pola rede, em termos exclussivamente pessoais. 

Enfim, nom sou quem de pedir-vos nada. Mas gostaria de pensar que a minha testemunha de migrante galego em precário, na diáspora, contribue à vossa reflexom como umha voz fraterna que vos chega de longe. Nem que dizer tem que se, aliás, modifica o que de seu é um erro descomunal, a vossa rectificaçom ainda viria a demostrar que a solidariedade das de embaixo é mais importante que o exibicionismo dos de enriba. Se ao longo dos tempos por vir somos quem de chegar a ser umha naçom livre, podedes contar que será a solidariedade nacional e internacional demostrada em momentos coma este a que remate marcando a diferência.

Graças pola vossa atençom e um grande, embora profundamente desilusionado, abraço.

Raimundo Viejo Viñas

(asinado este 11 de março de 2012, dia em que expira o meu contrato, após sete anos de trabalharem na UPF, polo efecto combinado da gestom do tripartito e os recurtes da direita)