Isto do Facebook é, ao seu jeito, umha curiosa máquina do tempo. Quando pensas que já nunca mais saberás de um amigo ou de um velho conhecido, aparecem assi, de súpeto, e voltas a estar em contacto, mesmo se nom vai moi para alem do gesto simbólico de ficar conectados na infosfera.
Confesso que gosto moito de este recuperar velhas amizades e conhecidxs, pouco importa se som antigos estudantes, velhos companheiros de pupitre na escola ou algum amor que nom foi. Sempre que o passado nom interfira moito no presente (cada cousa, melhor no seu sítio), que se saiba dele ai, junto a nós, acompanhando, é-che toda umha experiência cibernética que temos que agradecer a estes tempos que nos foi dado viver. Toda umha ledícia, logo, saber de quem foi um dia; emoçons inéditas para as que ainda nom temos palavras.
Confesso que gosto moito de este recuperar velhas amizades e conhecidxs, pouco importa se som antigos estudantes, velhos companheiros de pupitre na escola ou algum amor que nom foi. Sempre que o passado nom interfira moito no presente (cada cousa, melhor no seu sítio), que se saiba dele ai, junto a nós, acompanhando, é-che toda umha experiência cibernética que temos que agradecer a estes tempos que nos foi dado viver. Toda umha ledícia, logo, saber de quem foi um dia; emoçons inéditas para as que ainda nom temos palavras.
Mas às vezes, porém, é toda umha cibersaudade a que aproveita as abertas portas do passado para virem sacudir a nossa inconscente infoesfera presente. Assi foi que se passou o outro dia quando soubem do passamento de Miguel Munín. Cousas da hipertemporalidade do facebook, umha outra voz bemquerida de esse pretérito presente, o Emilio Martínez, fixo-me saber do acto em recordo da sua pessoa que tivo lugar onte na faculdade de económicas de Compostela. Como nom podia assistir animou-me a escrever umhas palavras para o acto que aqui deixo, in memoriam.
Lembrança de Miguel Munín
A história de Miguel Munín é das que fam a História. Histórias como a sua som histórias de entrega, de paixom polo comum, de defessa do público... histórias nas que latexa o milenário omnia sunt communia dos anabaptistas, esse “todo é de todos” que nasce da generosidade colectiva.
Para a formidável colheita de quadros políticos e activistas sociais que deu o país naquel curso 86/87, Munín era um referente de combatividade e loita. Para quem, aliás, coincidimos com el no claustro, toda umha figura chea de auctoritas estudantil perante o estamento professoral. O seu activismo, o que representou a sua trajectória pessoal, marcou um ponto de inflexom no evoluir do movimento estudantil.
A finais dos oitenta e começos dos noventa este movimento alcançava a sua madurez no horizonte democratizador aberto nos últimos anos do Franquismo. Continuador do trabalho feito na Transiçom polas mobilizaçons contra da LAU e a LRU, Munín contribuiu de jeito decissivo ao nascimento do movimento estudantil contemporáneo.
E isto com todas as dificuldades que supunha manter naquel momento o carácter reivindicativo da política de movimento ao tempo que a sua institucionalizaçom conducia aos ambivalentes terreos do exercício do poder e das tentaçons conseguintes. A sua honestidade pessoal e trajectória vital deixarom bem claro a firmeza das suas convicçons e hoje constituem parte de um acervo estudantil que nom se deveria estragar. A nós, logo, de conservar a memória da sua pessoa, dos seus logros, das suas loitas que tambem forom e seram as nossas próprias.
Barcelona, 15 de março de 2011